Bergson - O impulso vital
Feb 28, 2022 ·
55m 6s
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Description
Áudio extraído de videoaula no https://tinyurl.com/3vsrpj83 Trecho de aula online em 04/11/21. Citações lidas e comentadas no áudio a partir de 22:30 : O movimento evolutivo seria coisa simples, seria...
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Áudio extraído de videoaula no canal de Amauri Ferreira no YouTube
Trecho de aula online em 04/11/21.
Citações lidas e comentadas no áudio a partir de 22:30 :
O movimento evolutivo seria coisa simples, seria coisa rápida determinar sua direção, se a vida descrevesse uma trajetória única, comparável a de uma bala maciça lançada por um canhão. […] Quando o obus explode, sua fragmentação particular explica-se tanto pela força explosiva da pólvora que ele contém quanta pela resistência que o metal lhe opõe. O mesmo vale para a fragmentação da vida em indivíduos e espécies. Esta, cremos nós, prende-se a duas séries de causas: a resistência que a vida experimenta por parte da matéria bruta e a força explosiva - devida a um equilíbrio instável de tendências - que a vida carrega em si. A resistência da matéria bruta é o obstáculo que foi preciso contornar primeiro. [...] As formas animadas que apareceram primeiro foram, portanto, de uma simplicidade extrema. Eram certamente pequenas massas de protoplasma mal diferenciado, comparáveis, por fora, às Amebas que observamos hoje, mas com, em acréscimo, o formidável ímpeto interior que iria guindá-las ate às formas superiores da vida. […] As bifurcações, ao longo do trajeto, foram numerosas, mas houve muitos becos sem saída ao lado das duas ou três grandes estradas; e, dentre essas estradas elas próprias, uma única, aquela que sobe pelos Vertebrados até o homem, foi larga o suficiente para deixar passar livremente o grande sopro da vida. (A evolução criadora, p. 107 a 110, Martins Fontes Editora, 1ª edição, 2005).
Procura-se a mobilidade, procura-se a agilidade, procura-se – através de muitos tateios e não sem ter inicialmente resvalado em um exagero da massa e da força brutal – a variedade dos movimentos. Mas essa procura ela própria foi feita em direções divergentes. […] A evolução dos Artrópodes teria atingido seu ponto culminante com o Inseto e, em particular, com os Himenópteros, assim como a dos Vertebrados com o homem. Agora, se notarmos que em parte alguma o instinto é tão desenvolvido quanto no mundo dos Insetos e que em nenhum grupo de Insetos é tão maravilhoso quanto nos Himenópteros, poderemos dizer que toda a evolução do reino animal, abstração feita dos recuos para a vida vegetativa, se realizou em duas vias divergentes, uma das quais ia para o instinto e a outra para a inteligência. (A evolução criadora, p. 144 a 146, Martins Fontes Editora, 1ª edição, 2005).
Digamos, primeiro, que as distinções que iremos fazer serão excessivamente nítidas, justamente porque queremos definir no instinto aquilo que este tem de instintivo e na inteligência aquilo que esta tem de inteligente, ao passo que todo instinto concreto está misturado com inteligência, como toda inteligência real é penetrada por instinto. Além disso, nem a inteligência nem o instinto se prestam a definições rígidas; são tendências e não coisas feitas. Por fim, não se deve esquecer que no presente capítulo consideramos a inteligência e o instinto ao saírem da vida que os deposita ao longo de seu percurso. Ora, a vida manifestada por um organismo é, a nosso ver, um certo esforço para obter certas coisas da matéria bruta. Não será de admirar, então, que seja a diversidade desse esforço que nos impressiona no instinto e na inteligência e que vejamos nessas duas formas da atividade psíquica, antes de tudo, dois métodos diferentes de ação sobre a matéria inerte. Essa maneira um pouco estreita de considerá-los terá a vantagem de nos fornecer um meio objetivo de distingui-los. (A evolução criadora, p. 148, Martins Fontes Editora, 1ª edição, 2005).
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Livro INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DE BERGSON
AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com
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Trecho de aula online em 04/11/21.
Citações lidas e comentadas no áudio a partir de 22:30 :
O movimento evolutivo seria coisa simples, seria coisa rápida determinar sua direção, se a vida descrevesse uma trajetória única, comparável a de uma bala maciça lançada por um canhão. […] Quando o obus explode, sua fragmentação particular explica-se tanto pela força explosiva da pólvora que ele contém quanta pela resistência que o metal lhe opõe. O mesmo vale para a fragmentação da vida em indivíduos e espécies. Esta, cremos nós, prende-se a duas séries de causas: a resistência que a vida experimenta por parte da matéria bruta e a força explosiva - devida a um equilíbrio instável de tendências - que a vida carrega em si. A resistência da matéria bruta é o obstáculo que foi preciso contornar primeiro. [...] As formas animadas que apareceram primeiro foram, portanto, de uma simplicidade extrema. Eram certamente pequenas massas de protoplasma mal diferenciado, comparáveis, por fora, às Amebas que observamos hoje, mas com, em acréscimo, o formidável ímpeto interior que iria guindá-las ate às formas superiores da vida. […] As bifurcações, ao longo do trajeto, foram numerosas, mas houve muitos becos sem saída ao lado das duas ou três grandes estradas; e, dentre essas estradas elas próprias, uma única, aquela que sobe pelos Vertebrados até o homem, foi larga o suficiente para deixar passar livremente o grande sopro da vida. (A evolução criadora, p. 107 a 110, Martins Fontes Editora, 1ª edição, 2005).
Procura-se a mobilidade, procura-se a agilidade, procura-se – através de muitos tateios e não sem ter inicialmente resvalado em um exagero da massa e da força brutal – a variedade dos movimentos. Mas essa procura ela própria foi feita em direções divergentes. […] A evolução dos Artrópodes teria atingido seu ponto culminante com o Inseto e, em particular, com os Himenópteros, assim como a dos Vertebrados com o homem. Agora, se notarmos que em parte alguma o instinto é tão desenvolvido quanto no mundo dos Insetos e que em nenhum grupo de Insetos é tão maravilhoso quanto nos Himenópteros, poderemos dizer que toda a evolução do reino animal, abstração feita dos recuos para a vida vegetativa, se realizou em duas vias divergentes, uma das quais ia para o instinto e a outra para a inteligência. (A evolução criadora, p. 144 a 146, Martins Fontes Editora, 1ª edição, 2005).
Digamos, primeiro, que as distinções que iremos fazer serão excessivamente nítidas, justamente porque queremos definir no instinto aquilo que este tem de instintivo e na inteligência aquilo que esta tem de inteligente, ao passo que todo instinto concreto está misturado com inteligência, como toda inteligência real é penetrada por instinto. Além disso, nem a inteligência nem o instinto se prestam a definições rígidas; são tendências e não coisas feitas. Por fim, não se deve esquecer que no presente capítulo consideramos a inteligência e o instinto ao saírem da vida que os deposita ao longo de seu percurso. Ora, a vida manifestada por um organismo é, a nosso ver, um certo esforço para obter certas coisas da matéria bruta. Não será de admirar, então, que seja a diversidade desse esforço que nos impressiona no instinto e na inteligência e que vejamos nessas duas formas da atividade psíquica, antes de tudo, dois métodos diferentes de ação sobre a matéria inerte. Essa maneira um pouco estreita de considerá-los terá a vantagem de nos fornecer um meio objetivo de distingui-los. (A evolução criadora, p. 148, Martins Fontes Editora, 1ª edição, 2005).
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AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com
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